Dungeons & Dragons

Criadores de Dragonlance acusam Wizards of the Coast de quebra de contrato

Tracy Hickman e Margaret Weis, co-criadores de Dragonlance, cenário de RPG de D&D, alegam em ação judicial que Wizards quebrou contrato milionário de nova trilogia ‘sem explicações’.

Tracy Hickman e Margaret Weis, co-criadores de Dragonlance
Tracy Hickman e Margaret Weis, co-criadores de Dragonlance, na GenCon 2008 – Foto: Eva Schiffer/CC BY 3.0

Os autores Tracy Hickman e Margaret Weis, co-criadores de Dragonlance, famoso cenário de RPG de Dungeons & Dragons (D&D), entraram na Justiça dos Estados Unidos contra a Wizards of the Cost (WotC), empresa responsável por D&D. De acordo com a ação, a dupla estava trabalhando em uma nova trilogia de romances no universo de Dragonlance, com o manuscrito do primeiro livro aprovado, quando a Wizards resolveu parar a produção “de má-fé e sem explicações”.

Segundo o site Polygon, que entrou em contato com a Wizards, a empresa “não comenta casos em andamento.

A ação foi impetrada na sexta-feira (16) em um tribunal distrital de Seattle, mas se tornou pública na segunda-feira (19). Os autores alegam prejuízo de mais de 10 milhões de dólares (R$ 55 milhões, em conversão direta), envolvendo adiantamentos, incentivos financeiros, bônus de desempenho e royalties que não seriam pagos com o fim da produção.

Trilogia "Crônicas de Dragonlance"
Trilogia “Crônicas de Dragonlance” – Foto: Arte/Mesa de RPG

Hickman e Weis alegam que em 2017, após um hiato de 10 anos, procuraram a Wizards para escrever uma nova série de romances em Dragonlance. Um acordo de licença foi negociado entre as partes e também com uma editora que iria publicar os livros. O manuscrito do primeiro romance da trilogia, intitulado Dragons of Deceit (sem tradução), foi aprovado e a dupla trabalhava no segundo livro, Dragons of Fate.

Em junho do ano passado, a WotC teria recebido e aprovado o esboço do primeiro livro e em novembro, a editora responsável pela publicação aceitou o manuscrito, que também teria sido enviado e aprovado pela Wizards em janeiro deste ano. A empresa dona de D&D também já estaria negociando direitos de tradução da obra para outros países. 

“Durante todo o processo de escrita e desenvolvimento, os criadores cumpriram todas as metas e receberam toda a aprovação da Wizards, que sabia durante todo o tempo que Hickman e Weis haviam dedicado tempo e atenção de forma integral para terminar o primeiro livro e a trilogia como um todo, conforme suas obrigações contratuais”, diz o texto da ação. 

Segundo os advogados dos autores, o projeto estava correndo tranquilamente até o início deste ano, quando a Wizards se envolveu em uma série de polêmicas sobre racismo e misoginia envolvendo duas de suas principais franquias: D&D e Magic: The Gathering.

Sede da Wizards of the Coast em Seattle
Sede da Wizards of the Coast em Seattle – Foto: Reprodução/Google Street View

“A Wizards propôs algumas mudanças para que o texto se adequasse aos tempos atuais, que pedem um mundo e uma história mais inclusiva”, disse os advogados. Eles alegam que os autores, de prontidão atenderam a todos os pedidos de mudanças no texto, mesmo que não houvesse nada relativo às acusações contra a WotC no material de Dragonlance.

O projeto da nova trilogia chegou ao fim em 13 de agosto deste ano, segundo os autores. Os advogados alegam que houve uma conferência por telefone com os agentes de Hickman e Weis, executivos e advogados da Wizards e que a empresa, “de má-fé”, informou que “não iria encerrar o contrato, mas também não iria aprovar mais nenhum rascunho dos livros”. 

A recusa da Wizards em continuar aprovando conteúdos relacionados à licença de publicação de Dragonlance, segundo Hickman e Weis, efetivamente impede que eles continuem a publicar seus trabalhos e, na prática, quebra o contrato de forma desleal, já que faz com que os autores não recebam nenhum retorno financeiro de todo o trabalho que já foi realizado de 2017 para cá. 

Dragonlance foi criado por Laura e Tracy Hickman, que posteriormente firmou parceria com Margaret Weis para continuar os romances, em 1984. Concebido inicialmente como um cenário para D&D, o universo foi expandido e deu vida a romances, histórias em quadrinhos, filmes, videogames e vários outros produtos que se passam no mundo fantástico de Dragonlance. 

Diogo Almeida

Jornalista, músico e jogador de RPG. Não necessariamente nesta ordem.

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