A Paizo Publishing, editora responsável por Pathfinder e Starfinder, anunciou na quinta-feira (12) o lançamento de uma nova licença aberta para publicações de jogos de RPG de mesa. O anúncio foi em resposta à suposta nova Open Game License (OGL) que a Wizards of the Coast está lançando para Dungeons & Dragons (D&D), e que deve ser mais restritiva do que a licença atual. 

• Saiba tudo sobre a nova OGL de D&D

As licenças abertas de RPG permitem que os editores e criadores independentes criem e publiquem jogos e suplementos utilizando as regras básicas dos sistemas. No caso, a OGL 1.0(a), a atual de D&D, permite que sejam criados jogos compatíveis com a 5ª edição do jogo, sem que seja necessária autorização da Wizards, mas a suposta nova licença de D&D só permite a criação de jogos de RPG de mesa e suplementos em formato de arquivo eletrônico estático. 

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Em uma postagem no blog da Paizo, a empresa anunciou a criação da Open RPG Creative License (ORC), em parceria com as editoras Kobold Press, Chaosium, Green Ronin, Legendary Games e Rogue Genius Games. A dona e o presidente da Paizo eram líderes da linha de D&D na Wizards na época da criação da OGL, e alegam que a empresa não poderia desautorizar a licença atual. A licença ORC não deve ser revogada nunca, uma vez que nenhuma empresa vai ser dona dela, que deve ficar inicialmente à cargo do escritório de advocacia Azora Law, cofundado por um dos advogados que escreveu a OGL de D&D em 2000.

Leia anúncio da licença da Paizo (em português), na íntegra

Nas últimas semanas, conforme os rumores da nova versão da Open Game License da Wizards of the Coast começaram a circular entre as editoras e nas redes sociais, jogadores de todo o mundo perguntaram o que a Paizo planejava fazer à luz das preocupações sobre o suposto plano da Wizards of the Coast de desautorizar a OGL 1.0(a) existente. Desde então estivemos esperando novas informações, na esperança de que a Wizards percebesse que, por mais de 20 anos, a OGL tem sido uma licença mutuamente benéfica e que não deveria – nem poderia – ser revogada. Enquanto continuamos esperando por uma resposta da Wizards, sentimos que a Paizo não pode mais adiar a divulgação das nossas próprias impressões sobre a importância do [movimento] Open Gaming como parte da discussão pública.

Nós acreditamos que qualquer interpretação de que a OGL 1.0 ou 1.0(a) foi pensada para ser revogável ou permite que seja desautorizada é incorreta, e com uma boa razão.

Nós estávamos lá.

A dona da Paizo, Lisa Stevens, e o presidente da Paizo, Jim Butler, eram os líderes da equipe de Dungeons & Dragons na Wizards, na época. Brian Lewis, co-fundador da Azora Law, escritório de advocacia focado em propriedade intelectual que a Paizo usa, era advogado da Wizards, e ele mesmo editou a estrutura legal da OGL. A Paizo também trabalhou de perto, em assuntos relacionados à OGL, com Ryan Dancey, o visionário que inicialmente concebeu a OGL.

A Paizo não acredita que a OGL 1.0a possa ser “desautorizada”, nunca. Apesar de estarmos preparados para defender este argumento na Justiça, se for necessário, nós não queremos fazer isso, e sabemos que várias outras editoras não estão em condições disso.

Nós não temos absolutamente nenhum interesse na nova OGL da Wizards. Pelo contrário, nós temos um plano que acreditamos que vai manter vivo o espírito da Open Game License, de forma irrevogável e inquestionável.

Conforme a Paizo evoluiu, as partes da OGL que nós valorizamos mudaram. Quando precisamos apressadamente lançar a primeira edição de Pathfinder para continuar publicando nossas populares aventuras mensais, em 2008, usar a linguagem da Wizards era rápido e importante. Mas em nossos produtos que não são RPG, incluindo os romances Pathfinder Tales, o Pathfinder Adventure Card Game, e outros, nós mudamos nosso foco para se distanciar das alegorias de D&D e se aprofundar nas ideias dos nossos próprios escritores. Na época em que começamos a trabalhar em Pathfinder Segunda Edição, o Open Game Content da Wizards of the Coast era significantemente pouco importante para nós, então nossos desenvolvedores e criadores escreveram a nova edição sem utilizar as expressões e mecânicas de jogo patenteadas pela Wizards. Apesar de termos publicado o jogo sob a OGL, as razões para isso não foram para que a Paizo usasse as expressões da Wizards, mas para permitir que outras companhias utilizassem as nossas expressões.

Nós acreditamos, como sempre fizemos, que a abertura dos sistemas torna os jogos melhores, aumenta os lucros para todos os envolvidos, e enriquece a comunidade de jogadores que participam deste hobby incrível. Então nós convidamos os jogadores ao redor do mundo para se juntar à nós conforme começamos o próximo grande capítulo do [movimento] open gaming com o lançamento de um novo, perpétuo, e irrevogável Open RPG Creative License (ORC).

A nova licença criativa aberta de RPG vai ser construída para editoras de jogos independentes, sem sistema definido, sob assessoria jurídica da Azora Law, um escritório de advocacia especializado em propriedade intelectual, que representa a Paizo e várias outras editoras. A Paizo vai pagar por este trabalho legal. Nós convidamos as editoras de jogos ao redor do mundo para se juntar à nós e apoiar essa licença sem sistema definido, que permite que todos os jogos publiquem seus próprios documentos com a referências das regras que permitem a abertura dos sistemas para o mundo. Para se juntar ao esforço conjunto e fornecer feedback nos rascunhos dessa licença, por favor se inscreva utilizando este formulário.

Além da Paizo, Kobold Press, Chaosium, Green Ronin, Legendary Games, Rogue Genius Games e uma lista crescente de editoras já concordaram em participar da Open RPG Creative License, e nos próximos dias esperamos um aumento substancial no número de editoras neste grupo. 

A ORC não vai ser da Paizo, nem vai ser de nenhuma companhia que faz dinheiro publicando RPGs. O gerenciamento do processo por parte da Azora Law deve prover um porto seguro contra qualquer companhia que seja comprada, vendida, ou que mude de gerência no futuro e tente rescindir os direitos ou anular seções da licença. Por fim, nós queremos encontrar uma organização sem fins lucrativos, com histórico de valores de código aberto para ser dona da licença (a exemplo da Linux Foundation).

Claro, a Paizo planeja continuar publicando Pathfinder e Starfinder, mesmo que a gente se distancie da Open Gaming License. Uma vez que produtos frutos de meses de trabalho ainda estão na gráfica, vocês vão ver a familiar OGL 1.0(a) em nossos produtos, por um tempo. Enquanto a Open RPG Creative License não é finalizada, nós vamos imprimir produtos de Pathfinder e Starfinder sem nenhuma licença, e vamos incluir a licença final nestes produtos assim que a ORC estiver completa.

Esperamos que você continue a apoiar a Paizo e outras editoras neste momento difícil para o nosso hobby. Você pode fazer a sua parte apoiando as várias companhias que produzem conteúdo sob a OGL. Apoie Pathfinder e Starfinder visitando lojas de RPG locais, se inscrevendo em Pathfinder e Starfinder, ou tirando vantagem do nosso código de desconto OpenGaming durante a finalização da compra, para ter 25% de desconto no Livro Básico, no Livro Básico Edição de Bolso ou na caixa de Pathfinder para iniciantes. Apoie a Kobold Press, Green Ronin, Legendary Games, Roll for Combat, Rogue Genius Games, e outras editoras que estão trabalhando para preservar um futuro próspero para o Open Gaming que é, ambos perpétuo E irrevogável.

Nós estamos aqui do seu lado. Você pode contar que não vamos voltar atrás em nossas palavras.

Para sempre.