Mares do Sertão é acompanhado de quatro suplementos em Cordel. Neste Dia do Nordestino, o Mesa de RPG também mostra o jogo independente Lajedos & Lagartos.

Já imaginou montar uma mesa de RPG cujo cenário é o Nordeste brasileiro ou uma versão fantástica dele, com monstros extraídos de criaturas da literatura de cordel, lugares áridos e personagens inspirados por cangaceiros e outros tipos da cultura nordestina?

Nesta quinta-feira (8), data em que se comemora o Dia do Nordestino, o Mesa de RPG mostra o Mares do Sertão, um RPG independente criado no Rio Grande do Norte e que usa cordéis como suplemento para contar histórias do povo nordestino.

Mares do Sertão é um RPG criado pelo historiador Diego Azevedo e desenvolvido pela equipe do Historiart Studio, um grupo de historiadores e historiadoras que busca movimentar o conhecimento histórico para além dos espaços formais de educação. Além de Diego, fazem parte também Isabelle Quirino e Jefferson Oliveira.

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Mares do Sertão

O jogo, na verdade, um cenário inspirado no Sertão, é construído sobre a base do sistema Adventure Cards, criado pela equipe do Historiart, e que utiliza cartas de baralho ao invés de dados. Eles também são responsáveis pelos jogos Caçadas Primais e MovinOn.

Nele, as jogadoras interpretam protagonistas da história, as águas do sertão, enquanto que a mestre é chamada de Repentista. A história é desenrolada a partir das cartas puxadas e o cenário é o próprio Nordeste brasileiro.

“Buscamos propiciar uma experiência narrativa pautada nas características do imaginário do nordeste: A linguagem, a paisagem, o cangaço, o coronel, a igreja e o campo, bem como em subversão, as heroínas indígenas e negras revolucionárias em busca de derrubar o sistema de opressão,”

Trecho extraído da descrição de Mares do Sertão

Os cordéis-RPG, quatro no total, são vendidos no Dungeonist à R$ 2 cada. Eles trazem novas regras que complementam a prévia de Mares do Sertão, que poder ser baixada de graça no mesmo site. Nos cordéis são apresentadas novas regras a partir de cada uma das quatro heroínas do jogo. 

“O Nordeste é uma invenção social com tempo e espaço de concepção. Um Nordeste clássico foi criado ali no século passado e desde então vem sendo reforçado. Que Nordeste é esse? Que narrativas são essas? Quem as protagoniza? O que é Nordeste, afinal? É um pouquinho do que a gente tenta perguntar quando está criando jogos deste tipo,” disse Diego ao Mesa de RPG.

O jogo tem um sistema simples de regras em que os sucessos arretados ou os fracassos endiabrados são resolvidos a partir do número tirado na carta após a jogadora dizer qual ação vai fazer. Bônus e redutores são dados a partir da interpretação, que pode contar com duelo de rima e repente, além de contação de causos da personagem.

Com a pandemia, a situação do jogo deu uma segurada. Os membros do Imaginart são professores e a rotina de trabalho docente ficou aumentada por causa das aulas virtuais. Apesar disso, o grupo continua trabalhando no jogo. “O que vem por aí é Mares do Sertão em baralho ilustrado com pessoas incríveis da nossa comunidade dando as caras nos personagens”, completou.

Lajedos & Lagartos

E se D&D tivesse sido criado no Brasil e inspirado na obra de Ariano Suassuna, em vez de ter sido criado nos Estados Unidos e inspirado na obra de Tolkien? Pois é, antes de Mares do Sertão, há quase uma década, o paraibano Daniel Nóbrega, o Danielfo, pensou nessa ideia e começou a elaborar o jogo Lajedos & Lagartos, que trazia toda a estética do realismo fantástico e do Movimento Armorial para as mesas de RPG. 

O jogo utiliza a OGL de D&D 3ª Edição e tinha a proposta de publicar de três “livretos básicos”: o “Caderno do Jogador”, o “Manual dos Coisa-Ruim” e “A Escarcela do Conversador”, com regras próprias para aventuras vividas no calor do Sertão nordestino. 

Em 2011 o autor lançou a versão 0.1 do jogo, no blog Pensotopia. A versão final chegou a ser anunciada, mas não foi lançada. O blog está fora do ar, mas pelo Internet Archive é possível encontrar os registros da história do jogo. O Mesa de RPG não conseguiu contato com Daniel para saber como anda o projeto quase dez anos depois.

Dia do Nordestino

O Dia do nordestino é comemorado em 8 de outubro e celebra a cultura típica da Região Nordeste do Brasil. A data foi escolhida em homenagem ao poeta, cantor e compositor cearense Patativa do Assaré. Ele não nasceu no dia 8 de outubro, mas esta foi a data escolhida pela Câmara Municipal de São Paulo para homenagear a região onde ele nasceu, dentro da comemoração do centenário de Patativa, em 2009.